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Exercícios Físicos e o Diabetes Tipo 1

Recebi um email solicitando informações sobre os efeitos dos exercícios para indivíduos com diabetes tipo 1. Por este motivo, resolvi escrever um pouco sobre quais os benefícios e implicações da atividade física regular para estes pacientes.

O diabetes tipo 1, caracteriza-se pela total deficiência na produção da insulina, hormônio que é responsável pela “entrada do açúcar para dentro das células”. Quando o indivíduo não produz a insulina, o açúcar se acumula no sangue e causa o que chamamos de hiperglicemia. O exercício capta a glicose sem precisar da insulina e por isso é utilizado como tratamento não farmacológico.

O exercício físico é indicado para diabéticos tipo 1 por diversos motivos dentre os quais se destacam :

- controle do peso corporal;

- melhora na sensibilidade à insulina (insulina utilizada como medicamento),

- redução das doses de insulina, devido a melhora da sua sensibilidade, pois é necessária menor quantidade de insulina para captar o açúcar do sangue;

- diminuição das disfunções autonômicas e cardiovasculares, uma vez que o diabetes causa algumas alterações na função autonômica que se relaciona ao sistema nervoso simpático e parassimpático e também no coração e artérias.

O diagnóstico do diabetes tipo 1 não deve ser impedimento para a prática esportiva em pacientes que não possuem complicações e apresentam um bom controle glicêmico, entretanto alguns cuidados devem ser tomados. A habilidade de se ajustar medicamentos, alimentação e exercício físico auxiliam na participação segura e são importantes fatores que devem ser considerados durante a preparação de estratégias de treinamento para indivíduos com diabetes.

Particularmente, a importância da monitorização da glicose sanguínea em resposta ao exercício físico melhora o desempenho e aumenta a segurança dos indivíduos.

A hipoglicemia, que pode ocorrer imediatamente ou horas após o fim do exercício físico, pode ser evitada através do conhecimento das respostas metabólicas e hormonais individuais e elaboração de um treinamento adequado. Alguns estudos apontam que a melhor maneira de se prevenir a hipoglicemia é através da ingestão apropriada de carboidrato antes e durante a atividade (Grimm, Ybarra et al. 2004; Iafusco 2006; Guelfi, Jones et al. 2007). O consumo de carboidrato depende do esporte praticado, duração, intensidade e hora do dia.

Toni et al., (2006), publicaram um artigo sobre terapia insulínica durante o exercício e apresentam algumas prováveis alterações nas dosagens de insulina de acordo com o exercício:

O exercício realizado no início da manhã antes do almoço:

- pode reduzir a dosagem de insulina utilizada de noite cerca de 20-50%, de acordo com a intensidade do exercício (Ruegemer, Squires et al. 1990);

- pode reduzir a dose de insulina de ação prolongada à noite (Peter, Luzio et al. 2005);

- pode ser útil reduzir a insulina entre 30-50% o período antes do almoço (Peirce 1999).

O exercício realizado após o almoço ou lanche:

- atraso da atividade por 1-2 horas após a administração da insulina (Steppel and Horton 2003);

- redução da dosagem de insulina pré-refeição 20-75% de acordo com a duração e intensidade do exercício (Rabasa-Lhoret, Bourque et al. 2001).

- pode ser necessário reduzir as doses de insulina antes das próximas refeições (Rabasa-Lhoret, Bourque et al., 2001, Steppel e Horton, 2003).

Exercício prolongado:

- pode reduzir dosagem de insulina rápida pré-refeição por 30-50% se o exercício durar até 4 horas;

- pode reduzir dosagem de insulina na noite anterior.

É importante lembrar que estas sugestões clínicas devem ser avaliadas somente pelo seu endocrinologista e dependem das respostas individuais. Por isso NUNCA altere a dosagem da sua insulina ou qualquer outro medicamento sem indicação médica. Os ajustes exatos dependem de cada indivíduo, nível de condicionamento, tipo de atividade e outros fatores que deverão ser considerados.

Referências Bibliográficas

Grimm J, Ybarra J, Berné C, Muchnick S and Golay A: A new table for prevention of hypoglycaemia during physical activity in type 1 diabetic patients. Diabetes Metab 30:465-70, 2004

Guelfi K, Jones T and Fournier P: New insights into managing the risk of hypoglycaemia associated with intermittent high-intensity exercise in individuals with type 1 diabetes mellitus: implications for existing guidelines. Sports Med 37:937-46, 2007

Iafusco D: Diet and physical activity in patients with type 1 diabetes. Acta Biomed 77 Suppl 1:41-6, 2006

Peirce N: Diabetes and exercise. Br J Sports Med 33:161-72; quiz 172-3, 222, 1999

Peter R, Luzio S, Dunseath G, Miles A, Hare B, Backx K, Pauvaday V and Owens D: Effects of exercise on the absorption of insulin glargine in patients with type 1 diabetes. Diabetes Care28:560-5, 2005

Rabasa-Lhoret R, Bourque J, Ducros F and Chiasson J: Guidelines for premeal insulin dose reduction for postprandial exercise of different intensities and durations in type 1 diabetic subjects treated intensively with a basal-bolus insulin regimen (ultralente-lispro). Diabetes Care24:625-30, 2001

Ruegemer J, Squires R, Marsh H, Haymond M, Cryer P, Rizza R and Miles J: Differences between prebreakfast and late afternoon glycemic responses to exercise in IDDM patients.Diabetes Care 13:104-10, 1990

Steppel J and Horton E: Exercise in the management of type 1 diabetes mellitus. Rev Endocr Metab Disord 4:355-60, 2003

Toni S, Reali M, Barni F, Lenzi L and Festini F: Managing insulin therapy during exercise in type 1 diabetes mellitus. Acta Biomed 77 Suppl 1:34-40, 2006

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