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Exercício Físico, Diabetes e Alzheimer

12/22/2009 05:58:00 AM



22/12/2009 - Portal Diabetes   


A associação de diabetes mellitus tipo II com doença de Alzheimer tem recebido atenção considerável nos últimos anos. Foi publicado na revista online da Sociedade Brasileira de Diabetes em setembro de 2009, uma hipótese para essa associação a partir de uma perspectiva evolucionária, com ênfase na interação entre o exercício físico e função cognitiva. O autor do estudo é o professor Gilberto Ney Ottoni de Brito, atualmente pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz e professor associado da Universidade Federal Fluminense.

Considerando a importância do tema irei abordar os principais pontos da hipótese levantada por Brito que apresenta a associação entre exercício físico, diabetes mellitus tipo II e doença de Alzheimer.


Existe uma estreita interação entre a atividade física/exercício físico e função cognitiva, mas o sedentarismo comumente observado nas sociedades modernas, provocou uma ruptura da relação evolutiva do exercício e da função cognitiva. O estilo de vida inativo produz características metabólicas de diabetes tipo 2 que no cérebro, durante um prolongado período de tempo, podem levar a neuropatologia do Alzheimer. 


O diabetes tipo 2 e o Alzheimer são usualmente verificados na população idosa em todo o mundo. A prevalência de diabetes tipo 2 em pessoas com mais de 65 anos nas sociedades ocidentais é cerca de 8,5% [1] e o valor correspondente para Alzheimer é de cerca de 30,0% para indivíduos com 80 anos
 [2]. O diabetes com o passar dos anos pode causar lesão no cérebro e desencadear o aparecimento de características neuropatológicas do Alzheimer.

A atividade física provoca alterações neurobiológicas que trazem um impacto positivo na função cognitiva tanto em jovens quanto em idosos. Além disso, o exercício melhora a memória e associa-se a redução do risco de demência [26].


O exercício induz mudanças não apenas no cérebro, mas também no músculo esquelético. Tem sido demonstrado que o nível de atividade do músculo esquelético, que se contrai durante o exercício físico, aumenta o transporte de glicose para dentro da célula. É provável que mudanças similares também ocorram no cérebro. Foi relatado que a combinação de treinamento de resistência (musculação) e treinamento aeróbio (caminhada ou bicicleta) fornece melhor controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 quando comparado com apenas um tipo de treinamento sozinho
 [29]. Este estudo foi citado em um artigo anterior publicado em nosso site Portal Diabetes.

Pode-se concluir que o exercício/atividade física estão associados com significativas mudanças no cérebro e no músculo esquelético, tendo um impacto positivo na função cognitiva.


A falta de atividade física, tão típica na sociedade moderna tem provocado uma ruptura na delicada harmonia metabólica do músculo esquelético e da função neural que permitiu a evolução de nossas excelentes capacidades cognitivas e, portanto, o sucesso de nossa espécie. É esta ruptura que o sedentarismo provoca na relação evolutiva entre a função do músculo esquelético sob a forma de exercício e função neural na forma de cognição.


A hipótese apresentada no artigo de Brito tem implicações significativas para esforços direcionados na prevenção das conseqüências metabólicas de um estilo de vida sedentário. O autor sugere que políticas públicas de saúde devam combater vigorosamente a epidemia de obesidade em crianças, adolescentes e adultos. A atividade física deve ser incentivada nos currículos escolares, como se fosse uma disciplina importante, não apenas devido aos seus efeitos sobre o metabolismo, mas também devido ao seu impacto no desempenho acadêmico, como discutido anteriormente. Além disso, a atividade física também deve ser incentivada na comunidade a fim de manter a harmonia entre o músculo esquelético e a função do cérebro e, assim, evitar o prejuízo cognitivo na fase tardia da vida.

* Os números citados no texto correspondem as referências utilizadas pelo autor. Para acessar as referências clique 
aqui.

Brito GN. 
Exercise and cognitive function: a hypothesis for the association of type II diabetes mellitus and Alzheimer's disease from an evolutionary perspective. Diabetol Metab Syndr. 2009 Sep 18;1(1):7.
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Estudo prospectivo sobre o ganho de peso nas festas de fim de ano

12/19/2009 03:11:00 AM


O ganho de peso nas festas de fim ano pode levar o indivíduo a obesidade? Um estudo sobre o efeito das festas de fim de ano no peso corporal foi publicado há alguns anos atrás em uma conceituada revista científica (The New England of Journal Medicine). Como é comum se afirmar nos EUA que as pessoas ganham em média 2,3kg durante o período de férias entre natal e ano novo o objetivo do estudo foi estimar a variação real de peso em 195 adultos.


Os indivíduos foram pesados quatro vezes em intervalos de seis a oito semanas, de modo que a mudança de peso foi determinada em três períodos: Pré holiday (a partir do final de Setembro ou início de Outubro até meados de Novembro), Holiday (a partir de meados de Novembro até o início ou meados de Janeiro), e Post holiday (de início ou meados de Janeiro até o final de Fevereiro ou início de Março). A última medida do peso corporal foi obtida em 165 indivíduos em Setembro ou Outubro do ano seguinte.


Os resultados do estudo verificaram que o peso corporal aumentou significativamente durante o período de férias (ganho, 0,37 ± 1,52 kg, P <0,001), mas não durante o período Pre holiday (ganho, 0,18 ± 1,49 kg, P = 0,09) ou o período Post holiday (perda, 0,07 ± 1,14 kg, P = 0,36). Em comparação com o peso no final de Setembro ou início de Outubro, os participantes do estudo tiveram um ganho de peso líquido médio de 0,48 ± 2,22 kg no final de Fevereiro ou Março (P = 0,003). Entre Fevereiro e Março e o próximo mês de Setembro ou início de Outubro, não houve mudança significativa adicional de peso (ganho de 0,21 kg ± 2,3 kg, P = 0,13) para os 165 participantes que retornaram para acompanhamento.


Concluiu-se que o ganho de peso médio de férias é menor do que comumente afirmado. Entretanto pode-se relacionar que o ganho de peso nesta época do ano pode contribuir para o aumento de peso que ocorre frequentemente na fase adulta.


Yanovski JA, Yanovski SZ, Sovik KN, Nguyen TT, O'Neil PM, Sebring NG.A prospective study of holiday weight gain.N Engl J Med. 2000 Mar 23;342(12):861-7.
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